"Projecto Rios" Em Guifões 28/02/2009

As preocupações ambientais estão cada vez mais na boca dos mais novos e Guifões que já tem vindo a afirmar-se como uma "Freguesia Verde" tem visto aumentar o número de "jovens ecologistas". No passado sábado, cerca de duas dezenas de estudantes visitaram as margens do rio Leça para realizar uma actividade integrada no projecto: "Jovens Ambiente e Cidadania na Região Norte". Tudo começou como uma visita de monitorização a um dos troços do Leça, junto á foz da Ribeira da Lomba, mas o empenho dos jovens levou-os a querer fazer ainda mais. "Vamos limpar a margem", diziam em coro e munidos de luvas de borracha. Apesar do entusiasmo, cedo perceberam que a quantidade de lixo não poderia ser retirada apenas em algumas horas e que era necessária muita força de braços para trazer os sacos de entulho recolhidos. Ficou marcada nova incursão para breve!Quanto ao programa para a monitorização do troço do Rio Leça, este incluía a recolha de água para análises químicas e biológicas, pesquisa sobre a fauna e a flora existente no rio e em volta deste, medição da largura, profundidade e velocidade do caudal da água, e plantação de azevinhos junto à margem.Completado o questionário, os jovens tiveram tempo de ouvir as histórias de António Gomes, 74 anos, a viver em Guifões há quase seis décadas, a propósito das cheias que, ou-trora, invadiram casas e destruíram algum património como a Ponte de Guifões (cheia de 1979)."A cheia maior que houve, penso que remonta a 60/61. A água entrou nas casas e chegou a ter quase um metro. Com a ameaça de cheias, até a mobília tirávamos das casas. A última que registamos de maior, foi em 2001. A água chegou a meio do terreno. Agora a água quase não vem cá fora", descreveu António Gomes.De volta à pesquisa, os pequenos ecologistas ficaram a saber que as espécies de árvores que mais proliferam junto ao rio são: choupos, sabugueiros, freixos e amieiros. O professor José Luís Araújo, "facilitador" do Eco-clube de Guifões revelou ainda, ao JM, que a Câmara de Matosinhos tem mostrado vontade de "apadrinhar" mais iniciativas semelhantes a estas e que está em vias de ser celebrado um protocolo entre a autarquia e as escolas do Concelho para a oferta de kit's de investigação que incluem vários materiais como: rede, corda, termómetro, luvas, lupa, fita métrica, pinça, tiras de PH para medir os nitratos, entre outros itens.Também o presidente da Junta de Freguesia de Guifões se juntou a esta iniciativa. Carmim Cabo disse que "a Freguesia guifonense está a dar passos importantes no sentido de se tornar cada vez mais verde" e lembrou o projecto do Parque Urbano do rio Leça, um projecto da Câmara de Matosinhos e da APDL - Administração dos Portos de Douro e Leixões que contempla a colocação de um passadiço junto às margens do Leça.A propósito da Lei dos Recursos Hídricos, vulgarmente chamada de Lei da Água, Carmim Cabo e José Luís Araújo lamentaram que esta não seja totalmente cumprida pelas pessoas que continuam a poluir os rios."Este tipo de iniciativas que traz jovens à margem do rio é muito importante. Os moradores das redondezas sentem que alguém se preocupa e está atento ao rio. O projecto do Parque Urbano também é muito importante porque ajuda a consciencializar as pessoas", concluiu o autarca de Guifões. Este projecto deve ser apresentado durante este ano e a primeira fase estender-se-á até à Ponte do Carro.O JM falou ainda com um dos "ecologistas" da tarde, Diogo Carvalho, 12 anos, a frequentar o 7ºano da Escola EB 2-3 Passos José, que foi o mais aventureiro de todos os colegas, uma vez que se ofereceu para entrar nas águas do rio para pôr em prática algumas das directrizes do programa "Jovens Ambiente e Cidadania"."Custou-me um bocadinho, porque a água estava a puxar. Tive conhecimento do Eco-Clube através do professor José Luís e quis participar, pois penso que é importante estar atento ao ambiente", disse Diogo Carvalho.Além de jovens guifonenses, o grupo que participou nesta iniciativa ficou completo com alunos do 12ºano da Escola Secundária da Senhora da Hora. No total participaram cerca de 30 pessoas. Paula Teixeira, Jornal de Matosinhos