segunda-feira, 5 de março de 2012

Projecto Rios-Monitorização do Rio Leça




1 comentário:

Elísio Rodrigues disse...

O MEU RIO LEÇA

Sei de uma nascente
Num bosque sombrio...
Que mata a sede à gente
Antes de ser rio.

Corre o pequeno fiozinho
Para o destino que o impele,
Encontra ali no caminho
Outro que é igual a ele.

Juntam-se, fundem-se os dois.
Prosseguem de companhia
E fica dupla depois
A força que os leva e guia.

Junta-se aos dois um terceiro,
Outros confluindo vão,
E o regato é já ribeiro
E o ribeiro é Rio então.

E nada agora domina
O ribeirinho dos montes;
Entre vales e colinas,
Rasgando campos e pontes.

Pelo seu leito ao acaso
Nas puras águas desenha
Aqui um prado florido,
Lá mais abaixo uma azenha.

Era assim o Rio romântico
Com seus moinhos à beira;
Levava as cartas de amor
Do Pastor para a Moleira.

Era um regalo na vida
Perto do Leça morar:
Tinha sede, ia beber,
Com calor ia nadar.

E os peixes viviam nele,
Da pureza em que nasceu;
Mas fizeram esgoto dele,
Sem vida o Leça morreu.

Já não é como era dantes,
Tem a esperança perdida,
Corre perdido pelos montes,
Nem seca e nem tem vida.

Mas ele teima em circular
Por Ermesinde, Maia, Guifões...
Chega todo sujo ao Mar
Pela doca de Leixões.

Aquele Abraço
Elísio Rodrigues